Médicos explicam que os hospitais estão lotados de pacientes com Covid-19. Ocupação das UTIs estaduais chega a 89%. Caiado ponderou que torneio será sem público e com regras sanitárias
Infectologistas da linha de frente no combate à pandemia temem um maior contágio e o aparecimento de novas variantes do coronavírus com a realização da Copa América em Goiânia. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), disse que o torneio, no entanto, não receberá torcedores e vai obedecer regras sanitárias pedidas por ele à Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), organizadora do evento (veja ao fim do texto as medidas que devem ser adotadas).
A médica Ana Carolina de Araújo Andrade disse, nesta quarta-feira (2), que ela e os colegas que atuam em hospitais públicos e privados estão desesperados com a confirmação do campeonato. Para ela, a realidade nas unidades médicas é de lotação nos leitos de UTIs e enfermarias e, paralelamente a isso, se observa uma rápida evolução da doença no quadro dos pacientes internados.
A taxa de ocupação dos hospitais estaduais, nesta quarta-feira, chegou a 89% nas UTIs. Em Goiânia, os leitos especiais estão com 75% de ocupação com pacientes com Covid-19. Segundo o boletim do governo, até esta quarta-feira, Goiás já ultrapassou 617 mil contaminados e 17,2 mil mortes pela doença, desde o começo da pandemia.
O ministro-chefe da Casa Civil do governo federal, Luiz Eduardo Ramos, confirmou que Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ), Cuiabá (MT) e Goiânia (GO) receberão as partidas da competição.
Outra infectologista, Ludmila Passos Costa, entende que promover a competição durante a pandemia é imprudente por causa da circulação de pessoas de outros países. O aparecimento de novas variantes do vírus entre a população é um alerta como fonte de novas infecções.
O infectologista Boaventura Braz de Queiroz lembra que o risco de acelerar o processo de aumento das internações pode gerar mais tragédias familiares.